Ah... antigamente


Estava observando meu pequeno filhote andando e brincando pela sala, e fiquei prestando atenção ao seu total desprezo pelo que acontece no mundo, mesmo porque ele tem sorte de não saber ainda o que ocorre. Ele está feliz, brincando com os brinquedos dele, e a única preocupação que lhe ocorre algumas vezes é se a mamadeira vai chegar logo, ou se tem como trocar a fralda que já está "carregada".

Penso em como vai ser o mundo que ele vai ter que caminhar quando estiver adulto, em questão de tecnologia, acredito que ele terá as maiores facilidades e milagres da ciência ao seu alcance. Porém tenho receio de que ele não veja mais as pessoas como era antigamente. Hoje mesmo já é algo raro.

Antigamente eu deixava uma mulher passar na minha frente, era chamado de cavalheiro, hoje corro o risco de ser chamado de bobalhão. Se dou minha palavra quanto a qualquer coisa, e cumpro até as últimas conseqüências, corro o risco de ser chamado de "caxias" ou exagerado. Se tenho coragem de falar bobagens, sim, aquelas que eu falava também quando era criança, brincadeiras toscas, ainda corro o risco de ser chamado de retardado, infantil ou sem-noção.

Antes eu tinha que estudar muito pra tirar uma nota acima da média e ser aprovado na escola, e por mais que eu fosse bagunceiro, e ficasse na "turma do fundão", eu sempre prezei o respeito aos meus professores, e brigava com alguém que não lhes respeitassem. Hoje em dia, não é necessário estudar, o aluno tem sempre quem o "defende". Quando ele desrespeita um professor, a maior punição é a diretora do colégio dizer "que isso está errado", e os pais muitas vezes não tomam conhecimento inclusive por não se interessarem pelo comportamento dos filhos.

Antigamente não se escutava tanto notícias de filhos sendo assassinados brutalmente pelos pais, e vice-versa. As pessoas andam nas ruas como se estivessem com ódio, ou assustadas umas com as outras. É tão raro alguém que você nunca viu na vida lhe dar um "bom dia", que hoje mesmo um velhinho fez isso comigo, e eu me surpreendi e respondi a ele: "Bom dia, senhor!"

Fico torcendo pra que isso seja uma fase, e que meu filho possa dizer que "antigamente" o mundo era "sem amor", mas que "agora" o ser humano aprendeu a se amar novamente. Pode ser utopia, mas sempre vou torcer pra que ele habite num mundo melhor, pois se eu acreditar que só vai piorar, eu realmente não faço idéia do mundo que nos espera. Não teria outra descrição a não ser: um verdadeiro inferno.

Por isso, quero educar meu filho pra que dê valor as coisas que realmente importam na vida. Quero que ele saiba agradecer as pessoas, ajudar, saber dizer que ama, saber ser amigo, sim, eu vou lutar pra que ele tenha no futuro, um coração como ele tem hoje. O coração que vejo naquele olhar que mostra isso, o olhar mais doce desse mundo.

Sim, é minha responsabilidade com ele, e com o mundo, que o "Presente" dele seja melhor que o nosso.

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