Watchmen O FILME



Primeiro, antes de mais nada quero dizer:

"PARABÉNNNNNNNNNNNNNNNNS, Zack Snyder!!!"

Agora sim. Zack Snyder fez uma proeza que, por anos, todos diziam ser impossível: fazer a maior Graphic Novel de todos os tempos se tornar um filme de duas horas e quarenta minutos.

A sensação ao assistir o filme foi de ver partes da HQ em movimento, sendo os personagens, os cenários e inclusive os ângulos de câmera, muito similares aos originais. A abertura do filme é um show a parte, com várias cenas "famosas" da HQ, e algumas que eram apenas narrativas e foram transformadas em imagens, e que só nos prepara para ver um filme chocante, denso, fortíssimo. Não é um filme pra qualquer pessoa assistir, definitivamente, pois antes de ter estômago é necessário estar com o cérebro em dia, pois se trata de uma história que é extremamente dinâmica, cheia de detalhes, alternando passado, presente e futuro, e como as pequenas atitudes transformam o destino da humanidade, como é relatado na teoria do caos.

O início idêntico da HQ, onde o "herói-anti-herói" Comediante é assassinado. Foi uma sequência perfeita de luta "padrão Matrix" com jogos de câmera lenta e aceleração de câmera, ao som do clássico "Unforgetable". Até o término em que ele é lançado por uma vidraça com "foco" no famoso "smile bottom" com a gotinha de sangue no ângulo de um ponteiro de relógio marcando cinco minutos para a meia-noite (no relógio do Juízo final).

O personagem Rorschach ficou perfeito, o seu nome vem do psiquiatra criador daqueles cartões "simétricos" que são mostrados em sessões de testes de psicologia, pois a sua máscara tem a característica de formar estes desenhos simétricos que se alternam o tempo inteiro. A voz dele é realmente como eu imaginava que seria, e a aparência dele nos dá até a idéia de que podemos sentir o seu mal-cheiro. Ele é o único "herói" que contraria a Lei Keene, que proíbe os mascarados de fazerem justiça com as próprias mãos. É ele escreve um diário, que fará toda a diferença na história da humanidade, quando começa a investigar a morte de seu colega. O ano é 1985, e o mundo está tenso, com medo de explodir a terceira guerra mundial. Richard Nixon é presidente reeleito até esta data por ser o responsável pela vitória na guerra contra o Vietnam.

Sim, nessa história os EUA ganharam poder de fogo com a presença do Comediante, e o Dr. Manhattan. Este último é um físico que sofreu um acidente dentro de uma câmara de táquions (partículas que viajam acima da velocidade da luz), que o desintegrou, mas o interessante é que ele conseguiu se re-estruturar sozinho, se tornando aquele cara azulão que brilha igual a uma lâmpada com o símbolo do Hidrogênio na testa. Quando ele passou por essa experiência, ele aprendeu a enxergar o mundo como um sistema sub-atômico, ele olha para as pessoas e não vê mais um ser-humano, e sim um conjunto de partículas que formam os átomos, que formam moléculas, células, até chegar ao nosso ponto de vista. Inclusive ele cita no filme a frase: "Estruturalmente um corpo morto é idêntico a um corpo vivo. A vida é supervalorizada por vocês, seres humanos."

Outro "poder" do Dr. Manhattan é a capacidade de enxergar o passado, presente e futuro ao mesmo tempo, que é bem traduzido nesta outra frase dele: "O design do tempo é como um diamante com faces, faces que são todas ligadas entre si num mesmo objeto. Porém, os seres humanos teimam em querer olhar apenas uma face de cada vez."

Um personagem muito interessante é o Coruja, que herdou essa indentidade de um outro herói de uma geração passada, os "MinuteMen". Ele é como se fosse uma mistura de Batman com Clark Kent. Ele tem um porão com uma nave, e vários apetrechos que se igualam aos de Bruce Wayne, porém na sua identidade secreta, ele é um homem covarde, inseguro e comodista. A sua coragem só aparece em situações extremas. Ele é parceiro do Rorschach, o mascarado que citei anteriormente.

Laurie é filha de outra heroína da geração passada. Ela é namorada do Dr. Manhattan, porém começa a sofrer com a falta de "senso de humanidade" do namorado, que começa a se tornar um ser cada vez mais alheio ao que os humanos se importam. Com isso ela vai buscar a atenção e o carinho do Coruja, e acaba sendo a responsável por fazê-lo voltar a vida de herói mascarado.

O misterioso "Adrian" Ozymandias, é considerado o homem mais inteligente do mundo, e é também o mais rico. Faturando milhões com o perfume "Nostalgia" e a franquia de bonecos e brinquedos baseados nos heróis, incuindo ele. É uma pessoa altiva, soberba e acredita que pode salvar o mundo. E é ele que o faz, de uma maneira eficiente, porém totalmente questionável.

Em resumo, é um filme que não dá pra ser assistido uma vez apenas, pois há muitos detalhes, muita reflexão, para as infinitas interpretações que podem ser dadas em seu desfecho. Ah! O desfecho!!! Sim, o final é surpreendente, pois foi alterada a maneira como Adrian "salva o mundo", porém os conceitos foram mantidos e respeitados e acredito mesmo que para o cinema não poderia ser nada idêntico ao da HQ, senão ficaria estranho. Achei genial, e mais coerente, dentro do possível, claro.

Alan Moore deu muitas alfinetadas nessa produção, e é radicalmente contra tudo que vem de Hollywood, mas creio que se ele assistir esse filme, lá no fundo ele vai dar o braço a torcer e admitir que conseguiram finalmente transformar a sua obra num filme "nada convencional". E creio que é isso mesmo que ele sempre desejou.

No fim, o filme me passou a mesmíssima impressão dos quadrinhos. Watchmen não é uma estória sobre heróis mascarados, e sim sobre pessoas, com seus problemas de caráter, personalidade e demasiadamente humanos. (com exceção do Dr. Manhattan, é claro)

1 comentários:

Anônimo disse...

Caríssimo, vou assisti-lo e venho dizer o que achei! Acho que terei tempo de vê-lo no final de semana próximo.

Beijos meus!

 


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